- Seja bem-vindo, papai... - Falou Guilherme. A figura do homem projetado à porta entrou imediatamente. Ele pegou Maria e a jogou no sofá, onde estava Alberto desmaiado com a seringa no braço, fincada. Maria estava em pânico e naquela hora, aposto que, assim como ela, ninguém teria medido as palavras.
- Chega de paranoia, Guilherme! Você nunca teve um pai! - Disse a garota.
- Eu sempre tive um pai, mas graças ao seu nunca pude conhecê-lo... - Disse Guilherme cuspindo na face de Maria.
- Eu não entendo qual é o motivo de tudo isso... Qual é o seu problema?!
- O seu pai foi o meu problema desde a minha infância, todos os dias crescia em mim um ódio tão grande de você ter uma família e eu não. O seu pai colocou o meu na cadeia por ser um assassino. Não importa o que ele é, ele é o meu pai e ninguém tem o direito de roubar uma infância. Sua família acabou com a minha vida! - Ele estava realmente irado. - Sabe o que minha mãe dizia nos natais e nos dias dos pais enquanto eu chorava?! "O seu pai não é um homem, ele é um demônio! Você deveria ter vergonha de chorar por ele!"
- Guilherme... Você não pode me culpar pelas suas tristezas! Meu pai é um delegado! O serviço dele é prender pessoas! Esse aí - apontou para o homem desconhecido - é um assassino! Você não faz ideia de como você está sendo ridículo... Mas espere! Se você estava querendo a mim... Por que você matou a todos e não fez o trabalho de uma vez?
- Maria, o que você é? Você está me saindo uma garota tapada e ignorante... Isso é uma vingança! Eu queria que você sofresse tudo o que já sofri... Queria que soubesse como é a dor da solidão, como é quando o seu mundo desmorona por culpa de uma pessoa... O Delegado Arnaldo, seu pai, é o causador de todo esse sofrimento... Antes de morrer lembre que a culpa é dele...
- Delegado Arnaldo... Quanto tempo eu não o vejo! Depois de filmar a sua morte e enviar pra ele, juro que faço uma visitinha a ele... - O homem desconhecido começou a rir de um jeito totalmente exagerado.
- Não toque na minha família! - Ameaçou Maria.
- E se eu tocasse?! E se eu matasse a todos?! O que você faria?! Voltaria dos mortos para ter sua vingança?! - Riu novamente.
Por muito tempo seguiu-se um silêncio terrível, talvez o sentimento fosse de um animal em um abatedouro, na fila para a morte. Alberto só acordou três horas depois, já amarrado e imobilizado como Maria. Ele pedia muitas explicações e seus acessos de fúria manifestaram-se naquele momento, porém já era tarde.
Três toques foram ouvidos na porta, algo estranho, já que no jogo, não sobrou ninguém.
- Ei, Maria... Pra você que acredita que pode voltar dos mortos, tem uma pessoa que pode te contar como repetir a proeza! - Guilherme riu alegremente, como se não estivesse prestes a matar duas pessoas. Ele abriu a porta, revelando a face de alguém que nunca imaginariam que iria reaparecer em forma humana. João entrou e pronunciou um "oi" muito difícil.
- Desgraçado! Como você pode nos trair tanto?! Você é uma vergonha! - Exclamou Alberto, tentando se soltar das cordas.
- Eu nunca soube desse jogo! Quando eu estava dentro do buraco que tomei ciência de tudo! - Falou João, também furioso.
- Por que João? Qual é o motivo da traição? Nós sempre fomos amigos... - Maria chorava e suas palavras fluíram a partir da grande decepção.
- Eu prefiro viver. Sou uma pessoa esperta. Minha vida vale mais que tudo no mundo. Você acha que eu morreria por você, idiota?! - Deu um sorriso e virou para o pai de Guilherme. - Ligue a câmera pra filmarmos a morte e acabar logo com isso...
Não era só do rosto de Maria que as lagrimas caíam, mas de Alberto também. Ninguém, nem sua mãe, o presenciaram chorando a partir dos seis anos. A decepção com João, o amigo de infância, era grande.
Guilherme e seu pai arrumaram a câmera.
- Delegado Arnaldo! Como vai? Quanto tempo nós não nos... esbarramos... Eu estou com alguém aqui que você ama muito. - Disse o homem à câmera na qual a luzinha vermelha piscava indicando a gravação. - Você, Maria, pode mandar suas últimas palavras pro seu papai...
- Pai, eu te amo. Nunca se culpe pela minha morte. Você foi o melhor do mundo pra mim e...
- Basta! Vamos logo com isso! - Repreendeu. - Lembra quando eu jurei que você iria lastimar por ter me prendido? Lembra-se quando o senhor me humilhou na frente de todos aqueles carcerários? Espero que a partir de hoje se arrependa cada vez que respirar! - O homem engatilhou a arma. - Adeus Maria.
Maria fechou os olhos e não viu nada. Mas após vinte segundos, viu que sua morte estava demorando muito. Quando abriu os olhos levou um susto. Guilherme e seu pai estavam desmaiados ao chão e João desamarrava a corda de Alberto.
- Vocês acreditaram que eu apoiaria uma loucura dessas? - Ele ria.
- Espere... Não é possível que esteja vivo, nós vimos o seu corpo carbonizado!
- Guilherme tinha tudo pensado, eu seria o único sobrevivente do jogo, nós sempre fomos amigos, mas nunca o apoiaria... Na verdade o corpo era de um cachorro que foi jogado no buraco junto comigo... Foi horrível vê-lo queimando... - Respondeu João. - No dia em que o Aberto me viu na floresta com o tronco, foi algo pensado para fazerem vocês pensarem que eu era "o mal do tronco" e que era uma assombração.
-Vamos sair deste lugar... - Opinou Alberto.
- Saiam vocês, vou pegar e fazer umas coisas aqui dentro... - João sugeriu.
Antes de sair, Alberto descontou toda a sua raiva nos dois desmaiados com uns bons pontapés.
João após algum tempo saiu com uma mochila cheia de provas do crime e a câmera do maníaco nas mãos, contendo vários vídeos do povo que um dia foi feliz naquele chalé.
- Quando eu contar até três, vocês se jogam no chão sem medo nenhum! - Para evitar perguntas ele logo começou: - Um... dois... três... - Foi algo bem rápido, os três se jogaram e João lançou um isqueiro aceso para trás, causando uma enorme explosão na casa onde o garoto anteriormente jogara gasolina. - Adeus lugar maldito!
Os três olharam para trás, vendo a casa detonada por chamas e sentiram-se bem... Vitoriosos. A justiça foi feita. Com certeza Lúcio, Sara, Eleonor e até mesmo o cachorro sentir-se-iam felizes se pudessem ver o feito. As mortes dos amigos foram vingadas sobre chamas.
"Não é de morrer que tenho medo. É de não vencer" - Jacqueline Auriel.
Dedico Um a Um aos irmãos, tanto os de sangue - Leonardo e Mayara -, como também os 1533 irmãos que me apoiaram e leram o blog, os irmãos divulgadores - Bárbara Salvador, por exemplo - e a um irmão muito especial que apesar de ceder seu nome, mesmo sabendo que era para o assassino da história, levou tudo no bom humor. Guilherme Quirino, o mundo precisa de amigos como você! Um abraço a todos especiais que não citei, espero que entendam.
fim.
Parabéns !!!!
ResponderExcluirMuito bom o suspense, e que outros venham.
estou de luto pelo GUILHERME sabe, me identifiquei com ele.
kkkkkkkkkkk
Abraços.
Passando para conhecer o blog, muito bom e com ótimo conteúdo!
ResponderExcluirAproveito para dar os parabéns pelo espaço!
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